9, novembro, 2015

Sabores do Brasil: Pará

Sabores do Pará
Sabores do Pará

Estive recentemente em Belém, no Pará, para o Congresso da Sociedade Brasileira de Cirurgia Bariátrica e MetabólicaSBCBM, e aproveitei para conhecer de perto a gastronomia local. Confesso que fiquei um tanto quanto “zonza” com tanto nome exótico: tucupi, maniçoba, tacacá, bacuri, buriti, jambú, esses só para começar… Inclusive, isso me gerou uma reflexão que acredito ser importante analisarmos: esses nomes, que são indígenas, não deveriam soar estranhos para nós, já que os índios tiveram papel fundamental na formação do nosso país, não acham?

E isso tem uma explicação histórica… A língua indígena foi estritamente proibida em 1757 pelo documento chamado Diretório dos Índios, que teve como seu mentor político Sebastião José de Carvalho e Melo, conhecido como Marquês de Pombal. A Coroa Portuguesa começou a impôr o uso do idioma português entre as populações nativas da América porque Pombal entendia que as línguas indígenas reforçavam os costumes tribais. Na sua visão, o uso da língua portuguesa ajudaria a erradicar esses costumes, aumentando a sujeição das populações indígenas ao Rei. E assim a língua indígena foi ficando esquecida, mas graças à nossa gastronomia, podemos resgatar e valorizar essa cultura tão rica.

Viva a culinária indígena!!! Anauê!!!

E para resgatarmos essa cultura tão de RAIZ, vou hoje falar um pouco dos sabores desta comida marcante, de toques fortes e, digamos, anestesiantes…

Fiz uma lista das comidinhas que degustei por lá:

Almoço paraense
Almoço com sabores marcantes, e vamos dizer, também “anestésicos”…

Tucupi

Em tupi-guarani que dizer: beiju ou mingau.

O tucupi trata-se basicamente do caldo que é extraído da mandioca ao processá-la.

A mandioca utilizada para esse fim é da espécie“brava”, altamente venenosa pela presença de ácido cianídrico em sua composição. Como fase inicial, a mandioca é descascada, ralada e espremida. O caldo resultante é o tucupi. O prato que ganhou fama com esse ingrediente foi o pato no tucupi.

Maniçoba

Que dizer: mandioca, manioca, deusa Maní, foi enterrada na própria oca, gerou uma raiz alimenticia, raiz de mandioca.

Usa-se tipicamente uma panela de barro ou de porcelana. O prato demora pelo menos uma semana para ser feito, pois a folha da maniva (a planta da mandioca), depois de moída, deve ser cozida durante, pelo menos, 7 dias e 7 noites, também com a intenção de eliminar o ácido cianídrico. Depois disso é acrescentado o charque, toucinho, bucho, mocotó, orelha, pé e costelas salgadas de porco, chouriço, linguiça e paio, praticamente os mesmos ingredientes de uma feijoada completa. É servido com arroz branco, farinha d’água e pimenta de cheiro a gosto.

Tacacá

De origem indígena, o tacacá é um mingau quase líquido servido em cuias. É constituído de uma mistura que leva tucupi, goma de tapioca cozida, jambu e camarão seco.

Jambú

Conhecida como agrião-do-pará (Acmella oleracea)

Uma de suas principais características é a capacidade de deixar os lábios e a língua adormecidos.

Curiosidades da nutri

Em Belém, o açaí é servido junto com o almoço, como peixes, frutos do mararroz, onde a combinação mais consumida é com farinha d’água e um pouco de açúcar. E há quem diga que o verdadeiro paraense, “cabra macho”, come é puro só com a farinha! E aí, vai encarar?! Eu encarei!

E tem mais: no restaurante, é disponibilizado aos clientes um kit com escova e pasta de dente, para ninguém sair de lá com a boca roxa… Genialidades do paraense!

IMG_2789Dra. Raquel Pessoa – Nutricionista
Colunista do Portal Sabores
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Consultório Pátio Dom Luis, 1200
Torre I – sala 606
Contatos: (85) 3067.4741 | 98733.1076

Referencias:
http://www.revistadehistoria.com.br/secao/artigos/guarani-a-lingua-proibida

MINI DICIONÁRIO TUPI-GUARANI


http://www.pa.gov.br/O_Para/culinaria.asp
https://www.petitgastro.com.br/o-que-e-o-tucupi-e-como-ele-e-produzido/

Jambu