Mesa Tendências reúne estudantes, chefs, gastrônomos e jornalistas para discutir o tema “Descobrindo as Américas: seus ingredientes e sua cultura”. O evento começou nesta terça (06) no campus Santo Amaro do Senac São Paulo.
Do movimento Slow Food, Alice Waters (vice-presidente) e Carlo Petrini (presidente) foram os primeiros palestrantes do dia e falaram da necessidade de recuperar uma gastronomia mais natural e de identidade local. Waters destacou sua preocupação com o crescimento da cultura do Fast Food no mundo. “Isso não interfere apenas no modo de comer, mas na cultura e na vida das pessoas.”
Essa interferência, segundo Waters, se dá pela inserção de valores distorcidos no cotidiano, como a busca pelo instantâneo, a perda da identidade local, entre outros. “Em contraponto, o Slow Food é mais profundo, mas também tem seus valores, padrões e comportamentos. São valores humanos e baseados na terra. São atividades engajadas e sustentáveis”, disse, ressaltando a necessidade de educar a próxima geração, atuando nas escolas em diversos formatos.
Responsabilidade
Carlo Petrini foi categórico ao afirmar que o sistema alimentar atual é criminoso e apontou para os estudantes e profissionais de Gastronomia a urgência de assumir uma responsabilidade social. “É importante compreender que a visão do alimento necessita de uma dimensão mais holística. O cozinheiro no restaurante, o produtor com a pá no campo, o gastrônomo na mesa comendo, o jornalista escrevendo”, declarou.
O presidente do movimento Slow Food afirmou que se deve ir além de falar somente sobre a receita. “Dentro da gastronomia temos ecologia, zootecnia, física, química… A gastronomia também é uma economia política. Os chefs falam com o mundo. E essa visão holística é que vai liberar o chef de sua cadeia. Ele deve se comunicar com a sociedade, com os produtores e ampliar essa visão da gastronomia”, disse, lembrando que o mundo está perdendo sua biodiversidade.
“Estamos ficando mais pobres, perdendo frutas, verduras, animais. Como pensar gastronomia sem isso? A diversidade é sinônimo de futuro e perder a biodiversidade é perder a força criadora”, concluiu.
O evento segue nesta quarta-feira (07).
*A jornalista viajou a convite do Senac São Paulo.
